quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Geração zona oeste

Não somos filhos de hippies e nem somos yuppies. Nossa geração é um meio termo. Somos todas meninas, não há homens nessa geração. Crescemos cercadas de livros e sonhos como crianças um pouco diferentes da maioria, crianças inteligentes, talvez tímidas, ou feias, ou deslocadas por um motivo ou outro diante dos nossos coleguinhas de escola particular, de classe média ou alta.
Fomos adolescente rebeldes sem causa, como em tantas outras gerações. Bebemos demais, fingimos não petencer a uma tribo urbana qualquer na qual nos espelhamos. Abusamos de drogas, alguns menos, outros mais, mas sempre nos sobra algum trauma daquele tempo. Pregávamos a liberdade sexual. Da boca pra fora. Trepávamos, sem amor. Nem pelo outro, nem por nós mesmas. Algumas de nós carregam em sua história tristes abortos, quase todas. Casamos cedo, ou quase isso. Tinhamos mania de ser gente grande. Muito cultas, uma cultura inútil e que não sagrariaum caminho profissional. Aliás, profissão são muitas. Muitas e nenhuma. Somos artistas, das mais variadas áreas. Mesmo quando não somos artistas somos artistas, queremos ser artistas, somos aspirantes à artistas em nosso âmago.
Se, quando teen, éramos descoladas e frutos na noite, dos inte a dentro nos tornamos medrosas. Éramos adolscentes complicadas, agora adultos problema. Na verdade nunca deixamos de ser adolescentes complicadas, ainda que no idos inte e tantos algumas de nós tenham aprendido a fingir. Nossos relacionamentos estáveis são profundamente instáveis. Buscamos uma seguança que não aprendemos a ter.
Filhas de pais separados, se juntos ainda, eternamente infelizes, choramos no colo das madrastas e assistimos aos casamento de enteadas de nossos pais. Só não assistimos aos nossos próprios casamentos que são sufocados pela nossa ânsia de fugir da solidão.
Todas são de certa maneira perturbadas e criaram a própria ilusão para seguir com a vida, mentiras que são repetidas infinitas vezes nas madrugadas insones quando olhamos a cidade, eternamente cheia de luzes piscando através das janelas dos altos edifícios que vivemos e assistimos o mundo passar.
Não existe conforto possível, não há homens na nossa geração e nenhuma de nós, apesar de inúmeras tentativas, poderia amar uma mulher ou ser feliz ao lado de uma. Buscamos um príncipe encantado, que nunca virá. Eu já lhes disse, não há homens na nossa geração. Os nossos ex-coleguinhas de escolas se casaram com garotas platinadas e moldadas na academia, lá da parte nobre da zona sul, jamais serviriam pra nós.
É o que nos faz procurar novos horizontes. Mas não há consonância possível.
Tristes meninas da zona oeste, haverá salvação para suas almas, já que não há para os seus corações?

(sem correções)

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