terça-feira, 14 de setembro de 2010

E do suave ronronar, calou-se.

1,73 m cravejados de patas de gato, traumas antigos e novas feridas. Uma almofada, gasta, inerte.
Um arquétipo de perfeição, vazio.
uma escada infinita de degraus estreitos, e todos pegam a segunda a esquerda.
1/4 de século me atinge como uma porrada na cara, um direto bem dado por um lutador de boxe.
Não costruí nada.
E, por mais incrível que eu possa ser pouco importa. Ser legal não paga as contas e eu não tenho mais ninguém que queira impressionar.
Projetos presos à uma realidade alternativa que parece cada vez mais intangível.Deconfio de tudo e não espero nada. Nem de mim nem de ninguém.
Eu acho que deveria estar feliz, mas não sei como.
Ela se foi quando meu osso engraçado partiu.

Eu teria que ser feliz e forte, por nós dois, mas sem ter onde fincar meus pés não posso fazê-lo nem por mim. Pobre de nós que fugimos da felicidade. Pobre de nós que temos tudo, menos coragem de ser feliz. Pobre, de nós, ronronando sozinhas. Chorando de medo.

Meu braço dói, já não posso esticá-lo por você. O gosto amargo, a palavra não dita. A impotência mascarada de desapego. Tudo dói e não há seu abraço em parte alguma. Veja, eu não posso fazer isso por nós, eu não posso ser nós. Eu não posso te fazer feliz se você só deseja sofrer e se castrar.

Eu estou cansada e você não entende, que escrevo isso só pra poder te amar.