segunda-feira, 28 de julho de 2008

Minha garota foi pra Managuá, lutar pela revolução!

Muitos passos são dados sem que possamos compreender, de fato, seus porquês...
As vezes eu mesma penso que minha vida parece uma história, nem eu a vejo como real, a sorte é que isso passa. Diferente pode ser, irreal, não!
Aliás, se hoje estou aqui é porque neguei tudo que é irreal, tudo que é feito de sonhos e passei a viver a realidade. E a realidade, meus caros, não é feita de algodão-doce.
Hoje voltei pra casa, se não pra casa, pro lugar em BH que eu habito, ainda que eu não reconheça como uma casa, não tenho, em verdade, nenhum lar, além de todos eles.
Fui, por assim dizer, motivo de risos de muitos amigos de Sampa ao contar a história do fim do meu casamento.
"Troquei meu casamento pela revolução"
As respostas giram em torno de:
"que revolução?"
"você pirou, né?"
Não gente, é sério. Se algo eu sei de consciente desse processo foi que troquei meu amor pela revolução.
Mas, se há algo de subjetivo -e ainda que eu rejeite, sempre há- acredito numa das coisas mais significativas que me disseram sobre isso:
"Você trocou seu casamento pela sua sanidade"
E é isso, revolucionária ou não, o que todos dizem que vêem em mim de tão melhor desde que tudo terminou é a sanidade. Ainda que muita gente questione a minha sanidade política...
Prefiro no entanto dizer: Troquei meu amor pela revolução!
A recuperação da minha sanidade foi consequência, ótima, mas somente consequência.

sábado, 12 de julho de 2008

E na mesma linha...

Isto tudo é sobre perdão.
E não falo de um perdão religioso, um perdão que está fora de nós e sim da capacidade humana, puramente humana, de perdoar.
Não existem desculpas pois não há culpa. Não podemos compreender a humanidade deste ponto de vista maniqueísta: culpados X inocentes, bons X maus, certo X errado.
No entanto, há coisas que nos machucam e algumas feridas são simplesmente profundas demais.
Hoje me pego olhando sem querer fotos de tantas pessoas pelas quais eu guardei mágoa e nada disso parece mais fazer sentido. Sinto uma vontade inexplicável de caminhar num caminho que outrora caminhei e me reconciliar com cada uma das pessoas que um dia me fizeram mau. Talvez algumas reconciliações sejam possíveis, outras não. Queria que todas fossem.
É incrível como em tão pouco tempo podemos viver tantas vidas e mudar tanto. Como podemos encarar a vida de uma forma muito mais simples.
Penso que seja tudo uma questão de valores. Quando as coisas realmente importantes são fáceis demais começamos a dar valor a coisas que não deveriam ser consideradas. Hoje em dia tenho que valorizar cada pequena coisa da vida, cada dia viva, cada prato de comida, cada batalha (por menorzinha que seja) ganha na luta de classes, cada coisinha, coisinhas. Então aquilo tudo que parecia enorme agora não faz o menor sentido.
É engraçado dizer isso, mas neste momento não consigo odiar ninguém. Não vou aqui falar de ódios políticos, isso é outra coisa, mas nas minhas relações pessoais cada vez me sinto mais próxima das pessoas, da humanidade. E nisso busco me aproximar das pessoas, compreendê-las, viver as pessoas.
Nem consigo explicar direito o que sinto. Ainda que eu seja uma pessoa das palavras elas também me fogem. Engraçadas são elas... Mas não me importo.
Sigo com a vida, amanhã é um novo dia como cada um deles. Espero poder reencontrar no meu caminho muitas dessas pessoas e dizer que passou, que eu as perdôo, mesmo que elas nem queiram o meu perdão, farei isso por mim. Quem sabe se isso mudará algo na humanidade, na comunidade, ou mesmo pra mim, mas é importante, neste momento é o mais importante.

Dedicado a você...

The Heart Of The Matter

Renato Russo

Composição: Don Henley/mike Campbell/John David Souther

I got the call today, I didn't wanna hear
But I knew that it would come
An old true friend of ours was talkin' on the phone
He said you found someone
And I thought of all the bad luck, and the
struggles we went through
And how I lost me and you lost you
What are these voices outside love's open door
Make us throw off our contentment and beg for something more ?
I'm learning to live without you now
But I miss you sometimes
The more I know, the less I understand
All the things I thought I knew,
I'm learning again
I've been tryin' to get down
to the heart of the matter
But my will gets weak and my thoughts
seem to scatter
But I think it's about forgiveness
Forgiveness

Even if, even if you don't love me anymore
These times are so uncertain
There's a yearning undefined...
people filled with rage
We all need a little tenderness
How can love survive in such a graceless age ?

The trust and self-assurance
that lead to happiness
They're the very things we kill, I guess
Pride and competition
cannot fill these empty arms
And the work I put between us
doesn't keep me warm

I'm learning to live without you now
But I miss you, baby
The more I now, the less I understand
All the things I thought I'd figured out

I have to learn again
I've been trying to get down
to the heart of the matter
But everything changes
and my friends seem to scatter
But I think it's about forgiveness
Forgiveness
Even if, even if you don't love me anymore

There are people in your life
who've come and gone
They let you down and hurt your pride
Better put it all behind you; life goes on
You keep carryin' that anger,
it'll eat you up inside

I've been trying to get down
to the heart of the matter
But my will gets weak
and my thoughts seem to scatter
But I think it's about forgiveness
Forgiveness
Even if, even if you don't love me

I've been trying to get down
to the heart of the matter
Because the flesh will get weak
and the ashes will scatter
So I'm thinkin' about forgiveness
Forgiveness
Even if, even if you don't love me

domingo, 6 de julho de 2008

de(s)ilusões

Quando conhecemos alguém podemos realmente conhecer uma pequena parte
Talvez 5 ou 10% daquilo que a pessoa realmente é
E é somente isso que se espera ver.
Quando se conhece alguém
E nos mostramos por inteiro o recuo é certeiro
As pessoas -inteiras- não são perfeitas.
Mesmo aqueles que dizem basear sua vida na realidade concreta preferem os sonhos
Pessoas inteiras assustam
Pessoas inteiras babam quando dormem
Pessoas inteiras são recheadas de passado - e nem todos os passados são louváveis
Pessoas inteiras sofrem
Descabelam
Roncam
Acordam
Não acordam nunca
Sangram
Desmaiam
Sobrevivem, ainda que pareça impossível

Quem persegue os sonhos acaba iludido, sozinho
Mas há de se ter muita coragem para se lidar com um ser humano real, inteiro, perfeitamente imperfeito, inacabado.
Entendo você, é muito mais fácil se encantar por um trailler do que por um longa metragem francês de 4 horas (e sem intervalo)
Mas agora, o que há de real e palpável é que você já faz parte dessa trama.
Como lidar com isso é uma escolha, mais ou menos racional, mais ou menos engajada, mais ou menos humana, mais ou menos corajosa, mais ou menos real.

Quanto a mim?
Tento fazer novos pacotes, mas só sei assim ser: inteira, intensa

Aquilo que está fora

projetei-me
me encontrei fora de mim
para poder me ver,
olhar meu interior

um coração que não sabe porque bate
um idealismo errôneo
o sangue vermelho
como a verdade imediata que persigo

questionaram meus pensamentos
tripudiaram sobre meus sentimentos
e cá estou, em fuga

não que haja qualquer chance de se fugir da vida
não há
mas em certas incruzilhadas simplesmente não caminho melhor a seguir