sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Pele de cobras, cobras e falsas corais

Fim de semestre é um marco pra minha vida: Minha pele começa a se auto-consumir e eu fico parecendo uma cobra trocando de pele, eu fico tão estressada que ninguém consegue me suportar, coluna dói, cabeça dói, olhos doem.
Quero jogar tudo pro alto mas nem por isso deixo de me comprometer com 50 outras coisas que eu considero importantes e inegáveis. Esse é o meu perfil, é isso que eu espero da vida. Minha carreira está sempre em primeiro lugar, sempre.
Minha saúde em segundo.
Meus amores em segundo.
O resto nem importa.
Mas uma coisa é certa, as coisas estão ficando cada vez mais intensas e profundas e intrincadas e cada vez ser adulto é mais ser adulto e ser eu mesma é mais ser eu mesma e viver e mais vida.
Duvido que isso faça sentido pra qualquer outra pessoa, mas quanto a mim, preciso encontrar um ponto de equilíbrio antes que meu corpo expulse meu espiríto e morra em paz.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Uma música sem som (além dos cantos do pássaros, ventilador, cooler e trânsito matinal)

Queria começar dizendo que a vida é mesmo engraçada. É mentira, a vida é uma piada sem graça, sem sentido, sem pé nem cabeça.

Eu estou plenamente satisfeita com a vida, tanto quanto um ser humano na condição de eterno insatisfeito pode estar. No entanto, e sempre existem poréns, não posso dizer que estou exatamente num momento bom.

Abrindo mão de uma vez por todas de tentar falar bonito ou achar que escrevo pra alguém importante, trago mais uma crônica do cotidiano, reflexões sobre o nada...

Com esse meu hábito terrível de não dormir -hábito, vício, doença? pode escolher- me encontro novamente aqui, deitada em minha cama, 6 e tanto da manhã, cortinas fechadas, luz acesa.

Hoje tirei o dia pra uma série de coisas, porque eu percebo que não estou conseguindo processar os atuais acontecimentos da minha vida, isso porque são coisas demais e uma só Bruna. E uma Bruna que anda muito só.

Percebo que fui muito mais machucada do que eu poderia supor, que eu cai de uma nuvem de algodão doce - como diria minha flor- diretamente num chão de cacos de vidros. Se me prometem flores e me dão espinhos como poderia eu estar plenamente feliz?

Eu, no auge da minha prepotencia, arrogancia e autosuficiência acreditava que estava no controle, e acreditava que tudo estava bem. Talvez esse seja o problema, tudo estava muito bem. Eu tive que lembrar com mais ênfase do que eu gostaria do dia mágico que vai ficar na minha memória. Sexo poderia ser só isso, mas depois que foi dado um significado especial a ele não se pode voltar no tempo e dizer que foi só sexo.

Usando minha metáfora preferida para esses momentos, atravessei os estágios de aceitação da morte:

Primeiro estágio: Negação
Não pude acreditar que as coisas não iam bem e que não iriam pra frente, simplesmente não me permiti pensar nisso.

Segundo estágio: Raiva
Eu te odiei por tudo que você disse e o que você não disse, o que escreveu e o que deveria ter escrito, odiei tua postura, odiei teu cheiro, teus cabelos. Tive vontade de te bater com toda força da minha furia, que era imensa.

Terceiro estágio: Barganha
Pois acontece que esse estágio eu jáo não sofro mais. Eu fico com uma vontade enorme de gritar, conversar, chorar, te convencer que eu sou a melhor pessoa do mundo e que você precisa de mim pra ser feliz, mas acho isso infantil, então eu só penso, não me rebaixo mais a isso.

Quarto estágio: Depressão
E cá estou eu, nesse momento nesse estágio. Depois de tentar me convencer que eu não te queria nem pintada de ouro e coberta de diamantes, que eu não te quereria nem que você aprendesse a ler Nietzsche e cantar serenatas, percebi que me iludo. Que o que eu gostava em você era sua imperfeição. Que você nunca foi perfeita. E eu te superestimava. Superestimava porque eu não sei gostar do que não é genial ou incrível. Você não é genial, não é incrível. Não quer dizer que eu não estou sofrendo.


Quinto estágio: Aceitação
Eu chegarei lá e então vai ficar tudo bem.

Veias não são poéticas

E eu provavelmente não nasci pra escrever.