quinta-feira, 1 de junho de 2006

Posso te falar do medo, do meu desejo, do meu amor

Engraçado como a vida acontece, muitas vezes as coisas vão, passam e só depois de muitos anos algo começa a fazer sentido na nossa cabeça.
Não é um post típico, hoje, sem simbolismos, vou tentar falar da minha vida.






De qualquer forma, em alguns momentos, precisamos nos abrir com nós mesmos, ou então morrer dentro de ilusões auto-inflingidas, não é mesmo?

Somos naturalmente seres verdes, e um dia apodreceremos, creio que poucos de nós chegam a atingir a fase madura, somos frutas mal feitas, isso sim.
Em algum momento da vida, me perdi, mas digo perder-se mesmo, não pegar um atalho errado:
Trepei com quem não queria, quase morri de overdose, cai de bêbada na rua, dormi na rua, dormi em lugares mais sinistros, vivi saindo sem rumo, na casa de estranhos, em jogos estranhos, jogos de sexo e morte, jogos em que ninguém ganha, jogos de gente grande - e por fim, eu era ainda criança.

Se você se engana quanto ao caminho pode recuperar o rumo, se se perde, não tem volta, tem alguns novos atalhos a se tentar, não, não tem volta de verdade.
Sou sexualmente traumatizada, vitalmente traumatizada, alcoolicamente traumatizada, sou uma trauma ambulante que tenta fingir que é uma pessoa, e que tem uma vida própria e que o medo é só um detalhe, mas eu tenho medo, medo de tudo, um medo que me sufoca, não me deixa ir pra lugar algum, um medo de verdade, um medo clínico.

"Me atirava do alto na certeza de que alguém segurava minhas mãos, não me deixando cair. Era lindo mas eu morria de medo. Tinha medo de tudo quase:Cinema, Parque de Diversão, de Circo, Ciganos.."
"Aquela gente encantada que chegava e seguia. Era disso que eu tinha medo. Do que não ficava pra sempre."
Meu olhar beirando estrelas
A provocar sinfonias
Por todas as galerias
Imagens da minha história

No final do post a letra na íntegra com os devidos créditos

Como viver com medo? Não, a pergunta certa é: Como vencer o medo? Eu não sei, e não sei se o fato é que eu tenho medo de procurar essa resposta....


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Dadivosa

Ana Carolina

Composição: Ana Carolina, Adriana Calcanhoto e Neusa Pinheiro

Que bom se eu fosse uma diva
Daquelas bem dadivosas
Que sai vida entra vida
Ficasse ali verso e prosa

Meu olhar beirando estrelas
A provocar sinfonias
Por todas as galerias
Imagens da minha história

"Me atirava do alto na certeza de que alguém segurava minhas mãos, não me deixando cair. Era lindo mas eu morria de medo. Tinha medo de tudo quase:Cinema, Parque de Diversão, de Circo, Ciganos.."

E no instante preciso
Entre o mito e o míssil
Um rito um início
De passagem pro infinito

"Aquela gente encantada que chegava e seguia. Era disso que eu tinha medo. Do que não ficava pra sempre."

Que bom se eu fosse uma diva
Daquelas bem dadivosas
Que sai vida entra vida
Ficasse ali verso e prosa

Meu olhar beirando estrelas
A provocar sinfonias
Por todas as galerias
Imagens da minha história

E no instante preciso
Entre o mito e o míssil
Um rito um início
De passagem pro infinito