sábado, 30 de agosto de 2008

Canção e liberdade não se aprendem

(ou- que cada um cuide da SUA vida e nada de copiar a MINHA)

A vida é um tipo de piada sem graça, quase sempre.
Há 358 atrás eu precisava acordar cedo e passei a noite em claro, hoje faço a mesma coisa. Infelizmente a insônia nunca me pergunta se é um bom dia pra me visitar, ela vem, e fica quanto tempo quer, depois vai emobora e me sobra olheira, cansaço e muitos pensamentos diperdiçados em noites insones solitárias.
Não me lembro ao certo dessa noite.
Me lembro, exatamente, dos dois dias que a seguiram. A proximidade de se fechar um ciclo de um ano me assusta, ainda que eu não entenda claramente porque. Numa noite como essa que carrego o seu cheiro junto ao meu corpo em volúpia não tenho qualquer pretensão de fazer um resgate histórico deste ano, tanto porque tenho feito isso a cada dia.
Os amores que se foram, os que vieram, os que ainda viram, todos estão girando no meu peito como espectros. Apressados e intensos.
Se nesta noite estrelada, em baixo das folhas de um outono fora de época você pode me despejar tantos elogios e algumas frustrações. Broncas, de leve. Mea culpa, pode ser? E pudemos dizer muito do que estava guardado no coração há meses. E vejo que cada dia que eu esperei, espero e esperarei ainda faz sentido, não deixou de fato de fazer nenhum minuto.
Paciência histórica, paciência revolucionária, paciência daqueles que amam, que acreditam no amor a cima de tudo, apesar de tudo, em todos os amores, aliás.
Não consigo ainda falar sobre essa noite, está tudo perdido no ar, e vou respirando, aos poucos, cada informação, direto, do coração ao peito.
Diferente de 358 dias atrás você não estará lá amanhã. Mas, de que importa? Já há tempos que você mora dentro de mim, sem nunca ter lá estado materialmente, penetrou minha alma. E essa marca é indelével. Diferente de ser penetrada numa noite de prazer... Sou tão sua que as vezes me perco de mim, e tenho medo. Tão sua que muitas vezes nem você sabe o que fazer com algo tão teu. Mas nos próximos dias e noites, e primaveras, outono, quero ser sua, sempre, por inteiro. E, para sempre vou estar a sua espera.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Neste inverno escaldante

O tempo está seco, diz o jornal.
Será por isso que me falta ar?
Será por isso que não consigo respirar?

Faz onze dias que você sumiu e, sem dramas, nunca me senti tão só.
Não tenho chorado, nem me martirizado
Não deixei de dormir, nem de acordar.
Não deixei minhas tarefas de lado.
Nada no mundo me faz deixar mais nada de lado.
Aprendi a ser um robô.

Perdi o apreço pela carne.
Perdi muitos fios de cabelo, em cada banho, escorrendo sobre meu corpo, nu, molhado, eles são vão aos milhares.
Não há toque.
Nem olhares...
Não há conquista, não me sinto no direito.
Não há caminhos para o coração, ainda que para a mente eles estejam só aumentando.
Não há nós, não há você e nem eu existo mais...