terça-feira, 2 de janeiro de 2007

E se o sinal não mais abrisse?

Nem cedo nem tarde. Estou sentad ano banco do passageiro. Sua mão no câmbio esperando para engatar a marcha e seguir o percursso, ao fim de um dia sombrio que nunca seria esquecido.
O sinal está fechado.
Olho pra frente e está escuro. Poucos carros na rua, poucas pessoas na rua. Poucas ruas, muitas cidades em um só ano.
por um momento para o vento. Para o vento. Tudo para. O sinal está vermelho. Movo a cabeça como a de uma coruja. 360º. Faz calor. 35ºC.
Respiro fundo esperando que o tempo volta a caminhar como esperamos que ele caminhe. Não volta. Ele está parado. Meu amor e o tempo. Olham pra frente, fixamente, vidrados no sinal. Vemelho.
Fiquei face a face com a morte. E com o sangue. E com tudo o que é podre e sujo. Engoli a seco. Respirei fundo.
Há quantas horas isso tinha acontecido. Quantas hora se passaram. Há quanto tempo estou esperando que o sinal abra?
Volta o vento, muda de lado. Ele vira pra mim, me olha. Ele está vivo, e pulsa.
Mão no câmbio.
-Amor, e se o sinal nunca mais abrisse?
-Não sei, mas acho que estamos prestes a descobrir.
Se apaga a luz vermelha. Breu! Acende a luz verde, encaramos o sinal. Olhamos um para o outro. Ele engata a primeira marcha. Continua a viagem.